Instabilidade Patelar

Instabilidade Patelar

O que é?

A instabilidade patelar é um problema que acomete a articulação da patela (rótula) com o fêmur tornando a patela mais propensa a se desencaixar de sua posição normal.

Quem está sob risco?

Pacientes que apresentam alterações anatômicas na articulação da patela com o fêmur estão mais sujeitas a ter a instabilidade patelar e episódios de deslocamento da patela (luxação da patela). As alterações mais frequentemente associadas ao risco de apresentar a instabilidade patelar são:

1- Patela alta: Neste caso, a posição da patela é mais alta no joelho que o normal

2- Tróclea Rasa: A tróclea, que é a região do fêmur onde a patela se encaixa, não tem profundidade e suas paredes são planas. Desta forma, a patela não consegue se escorar

3- Medida do TAGT maior que 20mm: O TAGT é uma medida obtida, por meio da tomografia computadorizada do joelho, da distância entre uma linha que passa pela parte mais profunda da tróclea (garganta da tróclea) e a linha que corta pela tuberosidade anterior da tíbia (TAT). Esta medida avalia se a TAT tem uma implantação muito deslocada para a face mais externa da perna, o que facilitaria o deslocamento da patela.

Outras alterações anatômicas, como o joelho valgo, ou em “X”, e um osso do fêmur anormalmente rodado para dentro, também podem estar envolvidas num risco aumentado para a luxação da patela.

Além das alterações anatômicas que podem predispor um paciente a ter a instabilidade patelar, as lesões esportivas como entorses podem provocar a luxação da patela. As entorses podem romper o ligamento patelofemoral medial (LPFM), que é o principal estabilizador da patela em sua posição e provocar a luxação. Com a lesão do LPFM, o joelho fica mais propenso a novos episódios de luxação em situações de rotação do joelho que frequentemente ocorrem na prática esportiva e na dança.

Sintomas:

Num episódio agudo de luxação da patela a dor é muito intensa e limitante. Nem sempre é possível se observar a patela fora do seu encaixe normal, já que ela pode sair e voltar espontaneamente em questão de segundos. Porém, em algumas situações, a patela permanece fora de sua posição normal sendo necessárias manobras para colocá-la novamente no lugar.

A instabilidade patelar, porém,  não se manifesta somente quando há um episódio de luxação. Pacientes com instabilidade patelar sentem insegurança para praticar esportes ou para outras atividades como dançar, uma vez que têm medo que a patela se desloque nessas atividades. Outra sensação presente nos pacientes com instabilidade patelar é a de que a patela “quase” sai do lugar.

Causas:

As causas relacionadas a instabilidade patelar são as alterações anatômicas presentes nos pacientes sob risco e as lesões traumáticas do ligamento patelofemoral medial ocorridas principalmente nos esportes.

Diagnóstico:

O diagnóstico da instabilidade patelar é inicialmente clínico, ou seja, guiado pela história do paciente e exame físico. Os exames de imagem como radiografias e tomografia auxiliam na identificação das causas anatômicas do problema e a ressonância magnética tem lugar para o auxílio diagnóstico das causas anatômicas e sobretudo para a avaliação da cartilagem patelar e troclear que podem estar danificadas como efeito da instabilidade.

Tratamento:

O tratamento dos casos de instabilidade patelar deve ser individualizado de acordo com a idade, nível de atividade, profissão e grau de instabilidade.

O tratamento conservador, ou seja, sem cirurgia, com fisioterapia visando o fortalecimento dos grupos musculares mediais que contribui para a manutenção do posicionamento adequado da patela na tróclea e se contrapondo às forcas que tendem a expulsar a patela lateralmente de seu encaixe natural pode ser considerado inicialmente, principalmente nos casos de pacientes acima dos 30 anos de idade e com atividades pouco intensas.

Em pacientes mais jovens e que sejam expostos a atividades mais intensas, o tratamento cirúrgico deverá ser empregado. Os casos que foram direcionados ao tratamento conservador, mas que mantiveram queixas de instabilidade também deverão ser tratados com cirurgia. O tratamento cirúrgico da instabilidade patelar deve ser individualizado. Primeiramente, é necessário separar os casos traumáticos puros dos casos cujos pacientes possuam  alterações anatômicas que possam estar contribuindo para a instabilidade.

Se a causa for puramente traumática o tratamento cirúrgico consiste na reconstrução do LPFM.

Se a causa for anatômica, o cirurgião deve reconstruir o LPFM e procurar corrigir as alterações anatômicas que mais estiverem contribuindo para os sintomas através de correções na posição da TAT e, mais raramente, de correções na tróclea femoral.