Não é possível dizer que a corrida seja uma prática esportiva com alto ou baixo risco de lesões de joelho. Tudo depende de cada pessoa. Se for alguém bem preparado fisicamente, se usar um bom tênis e estiver consciente de seus limites, as chances de lesão caem bastante.
As lesões de joelho comuns a quem corre são as condropatias patelares, tendinites — como da pata de ganso, do tendão patelar e quadricipital —, a síndrome do trato iliotibial, também conhecida como síndrome do corredor, e as lesões do menisco.
As condropatias são desgastes da cartilagem da patela: a corrida faz a patela deslizar pela tróclea femoral, exercendo, sobre ela, carga que pode chegar a mais de 7 vezes o peso do corpo. No caso de algumas pessoas, essa carga pode desencadear desgaste na cartilagem.
A “pata de ganso” é uma estrutura tendínea formada pela união de tendões que vêm por trás da coxa, atravessam o joelho e vão se inserir na parte frontal do osso da tíbia na altura do joelho. É comum, em alguns corredores, haver tendinite na pata de ganso, provocando dores na parte interna da articulação.
Vale dizer que as tendinites são fruto de esforço excessivo, o que pode ocorrer em função de movimentos isolados ou por causa de muitas repetições, gerando inflamação ou degeneração que o organismo não consegue absorver. Esse é o princípio das tendinites em geral e vale também para os tendões patelar e quadricipital.
Os meniscos são estruturas de fibrocartilagem que ficam entre o fêmur e a tíbia em cada lado joelho e têm como função absorver as cargas que passam pela articulação. A analogia mais frequente feita com os meniscos é compará-los com amortecedores. A corrida, naturalmente, produz impactos recorrentes no joelho, o que pode causar lesões nos meniscos ao longo do tempo.
SÍNDROME DO CORREDOR
Há, ainda, a síndrome do trato iliotibial, conhecida como síndrome do corredor, caracterizada por uma dor na parte externa do joelho. É muito comum e o corredor costuma saber até em que trecho do circuito de sua corrida a dor vai começar. Normalmente, ao parar de correr, a dor passa. Mas, basta voltar a correr para que a dor retorne.
A síndrome do corredor é resultado de desequilíbrios musculares na região do quadril e na lateral da coxa, frutos de falta de fortalecimento e alongamento. Este desequilíbrio muscular causa atrito entre a banda iliotibial e a estrutura óssea no joelho chamada epicôndilo lateral, resultando em inflamação local e, consequentemente, dor.
TRATAMENTOS
Em linhas gerais, o tratamento das lesões de joelho comuns a quem corre é conservador, ou seja, sem cirurgia, realizado com fisioterapia e com vistas a recobrar o equilíbrio muscular, seja relacionado à força e/ou ao alongamento, o que vai depender do diagnóstico realizado pelo médico.
No tratamento da tendinite da pata-do-ganso, em alguns casos, usa-se infiltração com corticóide. Em alguns casos de desgaste de cartilagem provocada pelo impacto da corrida cujo sintoma não responde ao tratamento de reequilíbrio muscular e outras adequações, a viscossuplementação pode ser um alternativa, a depender de cada caso.
Apenas raramente, pode-se recorrer a uma cirurgia específica para condropatia patelar. Mas qualquer tratamento que não seja conservador é considerado exceção quando se trata de tais lesões.
BAIXO OU ALTO RISCO DE LESÃO
Não é possível dizer que a corrida seja uma prática esportiva com alto ou baixo risco de lesão. Tudo depende do preparo de cada pessoa. Se for alguém devidamente condicionado fisicamente, se usar um bom tênis e estiver consciente de seus limites, as chances de lesão caem bastante.
Contudo, se o corredor é iniciante ou está retomando a prática depois de um longo período de inatividade, mas acha que pode desempenhar como um corredor experiente, que se preparou e alcançou um alto nível de desempenho ao longo do tempo, os riscos de ter uma das lesões citadas antes aumentam.
A palavra de ordem é preparar-se, em todos os aspetos. Tudo depende da preparação, do tênis correto e da paciência para evoluir gradativamente. Se a prática respeitar esses preceitos, há menor risco de lesão.
Se possível, é importante buscar ajuda especializada — de educadores físicos e fisioterapeutas — para manter a musculatura equilibrada. Se a pessoa conseguir um treinador que aprimore toda a técnica e biomecânica da corrida, melhor ainda.