As lesões do joelho em lutadores, que ocorrem com mais frequência, são as de ligamento cruzado anterior (LCA), ligamento colateral medial, colateral lateral e de menisco. Isso porque são atividades que envolvem muito giro. No judô, é comum o giro com o pé plantado, realizando um movimento de pivô sobre o joelho.

Por Dr. Paulo Araujo

Quem pratica ou acompanha artes marciais de grappling (agarramento), como judô, jiu-jitsu, greco-romana e wrestling, sabe que, apesar de toda a satisfação que a atividade proporciona, há riscos de lesão e o joelho é uma das articulações mais vulneráveis à prática.

As lesões do joelho mais frequentes entre esses praticantes são as de ligamento cruzado anterior (LCA), ligamento colateral medial, colateral lateral e de menisco. Isso porque são atividades que envolvem muito giro. No judô, é comum o giro com o pé plantado, realizando um movimento de pivô sobre o joelho.

Lesões do joelho em praticantes de jiu-jitsu

No jiu-jitsu, são comuns as “chaves”, em que se realiza o movimento de alavanca, forçando a articulação do oponente.

Além dos giros, as quedas são inevitáveis e é comum que os atletas caiam um sobre o outro. Combinado a um movimento de giro com pé plantado, essas quedas podem transformar o peso do corpo de um deles numa alavanca que aumenta a carga sobre os ligamentos, levando à ruptura ou a lesões meniscais.

Há ainda, mais destacadamente no jiu-jitsu, as chaves (golpes nas articulações), em que o atleta responsável por aplicar o golpe realiza deliberadamente o movimento de alavanca, forçando a articulação e os ligamentos do oponente.

Diagnóstico

Os diagnósticos seguem critérios e processos indistintos seja qual for a modalidade esportiva. Ele é dado por um conjunto de informações: a história clínica, o exame físico e os exames de imagem do paciente. Primeiro, faz-se a anamnese: como foi o trauma, que movimento foi feito e que tipo de dor o paciente sente e sentiu no momento do trauma. Depois, o exame físico e, por fim, o de imagem. Todas essas etapas são importantíssimas para se chegar ao diagnóstico correto.

Métodos de tratamento

O tratamento é definido conforme alguns critérios. Primeiramente, deve-se saber qual é o tipo da lesão, pois há rituais e protocolos específicos para o tratamento de cada uma delas. Outro critério é o tipo de modalidade esportiva praticada pelo paciente. Atletas de diferentes modalidades, a meu ver, exigem tratamentos com algumas especificidades.

Pessoalmente, não gosto de tratar lutadores, que lesionaram o LCA, com enxerto do tendão patelar, porque, sobretudo no jiu-jitsu, o atleta está constantemente de joelhos e há uma fricção do tendão patelar. Se o atleta tiver dores no joelho ao ajoelhar-se, elas tendem a piorar com a retirada do enxerto do tendão patelar. Por isso, prefiro usar enxerto do tendão quadricipital.

Em resumo, eu vejo a necessidade de considerar as especificidades da modalidade praticada pelo atleta para propor o tratamento, mas sempre conversando com ele sobre os prós e contras dessa ou daquela escolha. Tão importante quanto a modalidade, é compreender e atender as demandas do indivíduo.

Tempo de retorno

Assim como no método de tratamento, o tempo de retorna respeita alguns fatores e, o primeiro deles, é o tipo de lesão e o tipo de tratamento empregado.

Na luta greco-romana, o ataque às pernas também é frequente e as chances de lesão do joelho dos lutadores aumentam.

Na luta greco-romana, o ataque às pernas também é frequente e as chances de lesão do joelho dos lutadores aumentam.

Se foi uma lesão meniscal que não demandou cirurgia e a fisioterapia deu conta, o retorno é rápido. Se for cirúrgico, vai depender do tipo de cirurgia realizada. No caso de uma meniscectomia, a retirada de um pedaço do menisco, o retorno é rápido, cerca de um mês ou um mês e meio. Se for uma sutura meniscal, o tempo de retorno gira em torno de seis meses.

Caso a lesão seja no ligamento colateral medial e o tratamento escolhido tenha sido o conservador, com imobilização de três semanas, em seis semanas o atleta pode estar de volta aos treinos. Se for uma lesão de LCA cirúrgica, o tempo de retorno médio entre os meus pacientes é de nove meses.

Prevenção

Quando se trata de proteger os ligamentos, há alguns músculos principais a serem fortalecidos, que são os mesmos em qualquer atividade e para os quais cabem medidas preventivas que valem para todos os atletas, independentemente da modalidade esportiva que praticam.

Mas cada atividade tem um gestual próprio e alguns grupos musculares, indiretamente associados à proteção do joelho, são mais exigidos que outros nas lutas de grappling. Nesses casos, grupos musculares específicos demandam trabalhos também específicos. Para judocas e atletas de jiu-jitsu, então, é muito importante trabalhar os músculos do core — bacia, pélvis e abdômen.

Lesões do joelho em lutadores de judô e jiu-jitsu

Para judocas e atletas de jiu-jitsu, é muito importante trabalhar os músculos do core — bacia, pélvis e abdômen.

É importante ter em mente, contudo, que, em muitas práticas esportivas, por mais que se faça a preparação e o fortalecimento apropriado, a exigência do esporte expõe o atleta a situações de lesão impossíveis de prevenir. Um exemplo seria a queda de um dos oponentes sobre o joelho do outro. Esses são casos que podemos classificar como acidentes e, em relação a eles, o controle preventivo, fruto de uma boa preparação, não é o suficiente para impedir a lesão.